segunda-feira, 16 de março de 2015

Uma Carta para o Meu "Eu"

Outro dia vi uma ideia muito legal em alguma página (não me lembro qual), onde pessoas foram convidadas a escrever uma carta para seu ‘eu’ de dez anos atrás. Isso me fez pensar e querer escrever uma carta pro meu ‘eu’ também. Mas não a de dez anos atrás.
Dez anos atrás eu estava começando uma nova etapa da minha vida, tinha acabado de fazer dezoito anos (a grande idade!) e estava entrando na faculdade. Dez anos depois não, eu não tenho um diploma de graduação. Eu tenho muitos certificados, uma bagagem até boa de experiências diferentes de vida, algumas passagens por diferentes cursos e universidades mas nenhum diploma. E não, eu não desisti dele. Só entendi com muito custo que meu timing é um pouco diferente, e por mais que eu tenha tentado me forçar, simplesmente não consegui chegar lá. Ainda.
Se eu fosse escrever para meu eu de antes, eu mudaria muita coisa e provavelmente não estaria onde estou hoje. Eu teria enfiado a cara na medicina veterinária e estaria trabalhando em algum lugar legal com carteira assinada e salário mensal. Eu seria feliz assim também. Mas provavelmente não teria morado na África e conhecido um mundo totalmente diferente do meu.
Provavelmente também não teria escrito e publicado um livro, até porque grande inspiração dele veio desses dez anos que não teriam acontecido se eu tivesse dado ‘pitaco’ para mim mesma. Eu teria dado muuuito ‘pitaco’.
Talvez se eu tivesse feito diferente, não teria tido momentos tão difíceis com meu pai, mas tudo bem, hoje estamos bem e acho que ele me entende melhor agora.
Talvez eu não tivesse conhecido o amor da minha vida, porque eu seria diferente, não sei se melhor ou pior, mas diferente.
Então eu prefiro não escrever pro meu eu de ontem, porque ao tentar prevenir alguns erros cruciais acho que mudaria todo meu percurso até aqui e, depois de muito custo, sinto que finalmente estou caminhando para algum lugar. Tomara!
Eu escrevo então pro meu eu de daqui dez anos: Uau estou beirando os quarenta! Que frio na barriga! Não sei o que vou ter conquistado ou perdido até lá, mas me faria os seguintes pedidos: Não tenha medo de aparecer. As pessoas intimidam mesmo, mas você se garante! Corrija os estragos que seus professores e colegas fizeram no passado, te deixando com um bloqueio para falar em público e encare esse desafio, porque você tem muito a contar.
Espero que você esteja tranquila, que o lançamento do seu livro tenha sido um sucesso! Pode até não ter vendido nada, mas tem muita gente que gosta de você e eu tenho certeza que eles foram lá te apoiar. Sim, eles devem ter te visto ficar vermelha de vergonha por estar exposta aos “holofotes” da noite, perceberam o suor na sua zona T e sua voz tremida. Mas em algum momento alguém deve ter te dado um lenço para secar o rosto e quem sabe até uma taça de espumante para acalmar. O importante é que no dia seguinte você ficou feliz de ter vivido aquele momento que foi seu, sua conquista, sua noite.
Eu não sei se você escreveu outros livros, ou se conseguiu se sustentar como fotógrafa, não sei nem se ainda mora no Brasil. Se depender do seu eu de hoje, você deve estar morando em algum outro país. E vamos falar a verdade: não é por causa da política catastrófica e tudo que tem de errado aqui, no fundo você ama esse Brasil por mais problemático que ele seja. O motivo é que esse mundo gigante e todo diferente te dá o melhor frio na barriga que você já experimentou, então dada a oportunidade espero que você tenha ido porque eu sei que você não vai se arrepender. Mas acima de tudo espero que tenha levado o Tê. Com vocês é amor de verdade, e vocês de divertem muito juntos, não tem companhia melhor para desbravar o mundo do que ele. Tomara que ele tenha aceitado ir junto. Ter uma vida juntos. Mas não é segredo pro meu eu de daqui dez anos que ele aceitou né?! Pode me contar!

E não reclame muito, é chato. Chato mesmo. De vez em quando é necessário mas o tempo todo não, por favor, é insuportável! E pra que reclamar? Você é feliz. Mais que hoje, e menos que o seu ‘eu’ de amanhã.


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