sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Receita de bolo no Reino de Atlântida

 Eu mantive um blog/diário quando fui pra África, o BRAfrica, com o principal objetivo de mandar noticias pra minha família e amigos da maneira mais eficaz possível, uma vez que a internet era escassa em vários projetos que fiquei, e eu não tinha smartphone na época, ou seja: no whatsapp, no nada.
Aí, vim pra Los Angeles três anos depois, e agora já recheada de aplicativos que nos conectam, às vezes nem parece que eu saí. Ontem estava num bar no Lourdes, com a turma, por um breve momento, participando da noite deles. Ok, nem tanto. Não conseguimos nos ouvir, nem nos ver, e eles tinham uma Bhrama gelada no copo enquanto eu estava sozinha dentro do quarto, mas a ilusão serviu pra acalentar o coração um pouquinho.

Esse devaneio todo agora é uma demonstração não programada do motivo pelo qual eu vim e sobre o qual eu pretendia falar. Pra quem não sabe, vim pra cá estudar Screenwriting, a arte de escrever roteiros. E boy, como é dificilmente maravilhoso, especialmente pra mim, que tenho a tendência de escrever textos enormes, um que acabou resultando no meu primeiro livro de quase 400 páginas.
 Num roteiro a ideia é passar tudo em no máááááximo 120 páginas, conseguindo alcançar da forma mais sucinta possível todos os objetivos, conflitos, emoções, berreiras, ações, diálogos, e mais mil e uma coisas que entram em um único roteiro.
Espero estar melhorando, mas já pelo tamanho desse texto, volto a ter minhas dúvidas.

Aí, essa semana, recebemos uma ficha de avaliação inicial do curso, para a escola saber o que estamos achando, e se estamos com algum problema. Só para explicar, temos dois professores bem diferentes, que chamarei aqui de Fulano e Cicrano; e alguns alunos, inclusive eu, estão tendo dificuldades com um deles. Mas estava esperando passar mais uma semana pra ver se as coisas melhorariam, antes de falar algo oficialmente com alguém, porém encarei essa avaliação como um sinal divino do tipo: resolve logo!
Então, foi a minha chance de ver na prática se eu já melhorei no uso das palavras, ou, colocando de outra forma: sem devaneios e floreios, por favor, Clarissa!
Bom, acho que ficou óbvia que meu caminho ainda é longo, pela minha resposta:

“Quando você quer fazer um bolo normal, do dia a dia, mas não sabe como, você joga no Google: Receitas de bolo, pega a primeira que aparecer e voilá: bolo comum está pronto. Agora, se você quer aprender a arte de fazer bolos, do mais simples até os mais rebuscados, coloridos, com diferentes texturas e sabores aí você paga um Curso de Gastronomia foda pra aprender a fazer essa arte com sabor de bolo. Bom, a minha professora Fulana é o curso de Gastronomia, e o Cicrano: a receita do Google.”

 Agora eu te pergunto: Fui sucinta? Mais do que normalmente seria, mas dá pra melhorar. Fui paia? Não sei, mas tive insônia nessa noite, pq fiquei com dor na consciência de ter chamado o cara de receita do Google- apesar de ser verdade- então já tive meu castigo uma vez que prezo muito minha noite de sono. Mas a pergunta mais importante: Que porra de resposta é essa? Não sei.
Felizmente, ainda tenho tempo para melhorar. Só espero que na avaliação final eu não responda com metáforas sobre animais marinhos mágicos no reino perdido de Atlântida e por aí vai.


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Cadim de amor

Todo mundo tem mania. Uns de roer as unhas (eu), outros de comer demais (eu), fulano tem mania de coçar o nariz (eu), cicrano de falar alto (eu) com ocasionais palavrões (....hi). São tantas que eu nem sei se algumas dessas são consideradas manias de verdade, às vezes elas tem outra classificação que não vem ao caso. Mas não adianta falar só dos outros :) sem me colocar na jogada!

Eu tenho uma super mania, que é recorrente de anos em anos: achar que não sou feliz onde estou. E onde eu estou geralmente é em BH. Então de tempos em tempos, ou o que tudo indica, a cada dois anos começa aquela coceira, aquele desconforto, a cidade fica horrível, as pessoas irritantes, o trabalho insuficiente, a vida vazia e é preciso ir embora, viajar, morar fora.

Como eu AMO morar fora. Sempre sofro, mas acho que gosto até do sofrimento de tanto que me encontro nesses momentos. Ou pelo menos é o que sempre me vem à cabeça quando aparece a possibilidade de viajar: felicidade.
E eu sempre vou: Austrália, Namíbia, África do Sul, o mundo inteiro se pudesse, e agora Los Angeles, CA. Quando o assunto é viajar nunca tive medo de encarar o desafio.
Não acho que eu viaje atoa, se é que existe alguma viagem atoa. Mas no caso, quero dizer que são viagens com objetivos estabelecidos: estudos, crescimento pessoal (acho que esse é básico de qualquer viagem), trabalho voluntário, especialização.

Correndo o risco de ser muito menina agora, e não tenho vergonha disso: nunca tinha viajado amando alguém e deixando esse alguém pra trás. Amando romanticamente! Pai, mãe, amigos a gente ama e ficar longe às vezes só faz bem para esses relacionamentos. E tenho certeza que também fará bem para o meu relacionamento romântico essa separação, mas Ó COMO DÓI!

Pela primeira vez, eu me encontro procurando o porquê de ser tão diferente essa saudade. Eu particularmente, com meus poucos anos de vida (minha astróloga falou que ainda estou vivendo a minha adolescência astrológica, e quem sou eu para questioná-la!), não sou contra clichês, afinal tudo é clichê. Meu professor falou hoje, e não foi o primeiro nem será o ultimo: não se preocupe, não existem ideias originais mais! E parando para pensar, quem nunca escutou na vida a famosa frase do pai da química: “Na natureza nada se cria, nada se perde tudo se transforma.” Se até a natureza, rainha de todos, soberana do meu mundo, deusa de tudo não está conseguindo ser original, estou tranquila com meus clichês em forma de texto.

Portanto, sim, somos eternas transformações, e percebo que me transformei de novo. Com as mesmas e constantes manias, não sei mais achar o dia tão belo quando estou longe do meu parceiro. Sei viver, sobreviver, (podia desaprender a comer um pouquinho) mas  com certeza está  faltando uma alegria que nunca me faltou antes. 
Afinal, não se percebe a falta de algo desconhecido. E agora eu conheço.




Pelos Palcos e Ruas (@luisritter)


Entre os mais ricos palcos está a rua. Na sua imprevisibilidade e com shows à parte, ela se
dispõe a ser vista, vivida, sem roteiro mas regada de rotina. Já na hora do espetáculo, não 
há roteiro que segure as emoções que transbordam entre plateia e artistas. Com o sinal 
certo, as luzes mudam abrindo espaço para a nova cena, sejam os carros passando no 
ritmo do trânsito ou o solo do músico que prende o fôlego do público.
Pelos palcos ou pelas ruas, a vida é um show esperando para ser capturada na memória ou além: pelas lentes de quem consegue ver sua beleza mais crua. 
Essa é a proposta do fotógrafo Luis Ritter: registrar o que o move, eternizando o sentimento do momento, seja rodeado pela música e pela exuberância do mais bem bolado show ou pelo mais simples pulo dado sobre uma poça d’água.
Luz, câmera: ação!


Foto: @LuisRitter

Instagram: Pelos Palcos e Ruas