terça-feira, 16 de agosto de 2016

Se relembrar é viver, estou com várias toneladas de vida!

Eu li uma frase uma vez  que dizia que o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade que acontecem. 
Em 2012, passei alguns meses na África fazendo trabalho voluntário com animais e tive a felicidade de viver uma das experiências mais incríveis da minha vida, por apenas uns vinte minutos, mas que lá eu já sabia que nunca ia esquecê-la. Quatro anos depois estou aqui relembrando aquele momento.

Por eu ter prolongado minha estadia no projeto de elefantes onde eu estava trabalhando, tive a oportunidade de aprofundar meu aprendizado em outros aspectos de pesquisa, e no dia estava com uma câmera filmadora, para registrar todo e qualquer tipo de comportamento dos elefantes, até que eis que a bateria acaba. 

Bom, pensei, não tem muito o que eu possa fazer a respeito aqui no meio do campo então resolvi aproveitar o momento para apreciar a vista e os elefantes. 
Sentei ao lado de Austin, um dos tratadores dos animais, vindo da Zâmbia, e como eram por volta de 17hrs, já não havia turistas no parque. Estávamos só aguardando para terminar os trabalhos do dia.
Me lembro que nesse horário, a luz do sol na pele dos elefantes era de encher os olhos.



















Ficamos ali proseando tranquilamente até que eu percebi todos os 9 elefantes vindo em nossa direção. Não preciso dizer que uma pisada de um elefante pode fazer muito estrago né, então assim que vi já comecei a movimentar para levantar mas o Austin me segurou e falou:  Pode ficar tranquila, fica aqui sentada (sim, estilo “Senta  lá Cláudia!”). 
Sentada eu fiquei. Todos os elefantes vieram, fizeram uma meia lua ao nossa redor, eles em pé de frente para o sol e nós dois sentados no meio daquelas patas espalhadas no chão. (Eu claro, imóvel evitando até de respirar.
Me lembro de um deles apoiando a tromba no meu pé e os outros também tão próximos que eu não precisava nem esticar o braço para tocá-los.
Claro que a cada movimento que eles faziam meu coração acelerava de medo de ser pisoteada,  afinal o instinto de sobrevivência prevalece, mas uau, como foi de tirar o fôlego!

A sensação de fazer parte daquele momento efetivamente, de ter sido aceita entre elas depois de mais de um mês de convívio diário, (eram todas fêmeas, a partir de certa idade machos não são mais aceitos no grupo) e de repente poder participar do banho de sol no fim da tarde de maneira tão íntima, deve ter sido próximo da sensação de levitar.

Foram só uns vinte minutos que constantemente voltam na minha mente me lembrando da riqueza que é a vida e todos os seres que nela habitam.
E que bom poder ter essa lembrança pra sempre comigo. 




2 comentários: